quarta-feira, 31 de agosto de 2016

(Ainda) no rescaldo

É verdade, ainda no rescaldo da Portarian.º 232/2016… Fresquinha. Mas apenas na data. Já na estratégia e desígnios subjacentes, nem tanto.

Alerta, logo nas primeiras frases, para aquilo que todos nós, Profissionais de outrora, sentimos na pele e no aperto e vazio que nos deu: “a aposta anteriormente feita na qualificação de adultos foi abandonada, com redução significativa quer da educação e formação qualificante para adultos, quer do reconhecimento, validação e certificação de competências, quebrando assim um ciclo de convergência com o padrão médio europeu que vinha a registar-se desde 2007”.

Precisamente há 4 anos iniciava-se o desmantelamento da rede de Centros, varrendo centenas de profissionais para as filas do desemprego e afastando-os do que mais gostavam de fazer. Não me esquecerei. Assim como não esquecerei que lidar com aquelas “gentes” que nos procuravam repletas de verdadeiras histórias (e modelos) de vida é, para quem investiu e acreditou na área, das coisas mais gratificantes.

Continua este novo instrumento: “em 2013/2014 havia pouco mais de 39 mil adultos inscritos, um terço do número registado em 2000/2001”. Enquanto TORVC, assisti à desmobilização do suposto público-alvo, à escassa oferta formativa (para onde encaminhar se não havia para onde?), ao descrédito que os Centros indevidamente conquistaram (e muito mais... mas isso ficará – também – no meu portefólio e no meu balanço).

Hoje, é nesta nova Portaria que se lê que “revitalizar a educação e formação de adultos enquanto pilar central do sistema de qualificações, assegurando a continuidade das políticas de aprendizagem ao longo da vida e a permanente melhoria da qualidade dos processos e resultados de aprendizagem é uma prioridade política de âmbito nacional”.

Novidade? Também não... Mas isso sim! Que não se reduza, porém, a um capricho político nem ao hastear de uma bandeira partidária. Enquanto a Educação e Formação de Adultos (sobre)viver aos solavancos, em função de relógios financeiros, qualquer revitalização dificilmente sairá das páginas de um qualquer Diário da República. Haja consistência. E vontade.

Diz-se que é a última a fundir. Que não aconteça, pois a isso (ainda) se chama esperança.

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